Este texto foi publicado originalmente na Sunday Drops, minha newsletter pessoal no Substack.
Que a AI é a nova plataforma computacional, já sabemos. Você pode checar o porquê aqui, aqui e aqui.
A minha dúvida é como AI impactará aspectos cruciais de uma empresa como Distribuição, Produto e Modelo de negócios.
Na revolução tecnológica, as últimas 3 ondas de “platform shift” foram internet, cloud, mobile, sendo que cada uma (a) foi revolucionária a sua própria maneira (b) geraram oportunidades multi-trilionárias de geração de valor.
O impacto do cloud aconteceu (principalmente) na forma de modelo de negócios, criando a era do "Software as a Service". Ao invés de lidar com servidores e configurar base de dados, empresas puderam delegar para especialistas (AWS, Azure, GCloud, etc) essa tarefa essencial. Empresas puderam, assim, focar em construir produtos incríveis ao invés de se preocupar com a infraestrutura e escalar/construir novas formas de cobrança baseados no uso do produto.
Já o mobile aconteceu principalmente na distribuição. A agregação de demanda saiu do "desktop"” e se moveu para o mobile, que é onde as pessoas gastam o tempo. Com isso, toda a empresa precisa ter uma estratégia mobile, seja na forma de se comunicar com o cliente (whatsapp, redes sociais) ou no produto (sites responsivos, aplicativos).
O impacto da internet foi mais amplo. Como era uma uma plataforma completamente nova, deu luz a produtos nunca antes feitos e imaginados, tanto na distribuição, quanto no modelo de negócios e também no produto.
Cloud foi uma revolução massiva de modelo de negócios e também trouxe impactos relevantes no produto.
Mobile foi uma revolução massiva em distribuição e também abriu novas possibilidades de produto - como por exemplo geolocalização que é essencial para apps como iFood e Uber.
A internet foi uma revolução massiva nos 3 pilares.
AI afetará todas as categorias, mas especialmente produto:
- Distribuição: A agregação de demanda ficará no mesmo lugar. As pessoas continuarão a ficar no mobile (ao menos que venha outra mudança de plataforma). AI trará a hyper personalização e massificação de conteúdos. Muito mais fácil gerar, mas não muda a lógica. A Bessemer prevê que 50% dos conteúdos online serão gerados ou aumentados por AI em 10 anos, vs menos de 1% hoje.
- Modelo de negócios: Continuará sendo subscrição by usage. Os modelos pay per “seat” tendem a perder sentido dado que um dos efeitos colaterais será menos pessoas. Não parece acontecer uma disrupção na forma "as a service".
- Produto: Aqui é onde AI traz uma mudança de paradigmas, dado que é uma agregação de um system of intelligence que expande a entrega de valor de um produto. Muda o que é feito. Estamos falando de uma camada cerebral, que no fim é uma extensão de valor gerado do produto.
A.I. será a ser mais revolucionário em produto e no futuro, toda empresa de software incorporará inteligência artificial dentro da sua solução.
O valor dessa cadeia será incorporado massivamente pelos incubentes. Microsoft é filho da mudança de plataforma do personal computer. Mas surfou muito bem, a onda cloud e sobreviveu mobile e da internet. Amazon é filho da internet, mas encontrou a lucratividade graças a onda cloud. Google, Apple, Meta são histórias parecidas.
Incumbentes tendem a surfar bem novas ondas, especialmente no mundo de hoje no qual os fluxos de caixas são tão grandes para investir muito dinheiro em novas soluções tecnológicas. Mas sabe a real? Toda mudança tecnológica também abriu muito espaço para novos entrantes.
Novos Ubers, Nubanks, Figmas, Spotifys, Snowflakes, Samsaras estão a caminho para surfarem nessa nova onda.
Aproveite e confira o que a Laura Constantini, cofundadora e sócia da Astella, escreveu sobre as perspectivas do cenário de investimentos em AI no Brasil.