Foto de Maxim Potyomkin na Unsplash
Uma das principais narrativas a qual a indústria de venture capital foi construída é de que preço de entrada não importa, afinal, perder um investimento que entregaria 100x é muito pior do que fazer um investimento que deu errado e perder 1x o capital investido.
No entanto, essa a narrativa carrega uma dependência de grandes saídas, tipicamente acima de $10b. Mas a realidade é que nos últimos 20 anos, apenas uma empresa na América Latina entregou esse resultado.
O preço de entrada em qualquer rodada é a única variável que investidores possuem algum tipo de controle decisório. O mesmo não acontece quando falamos sobre quais pessoas contratar, quais features lançar ou quais canais de vendas focar, por isso, tamanha a importância do tema.
Na última carta da Spectra, o principal destaque foi a inflação de preços no Brasil em ~4x quando comparamos a safra 17’ e 23’, além da queda no desconto relativo aos Estados Unidos de 55% para 13%. A principal consequência desses dois dados é a baixa atratividade da classe de ativos para a região.
Métricas e múltiplos são utilizados por investidores de modo geral como balizadores dos seus próprios vieses, com objetivo de provocar reflexões que justifiquem suas decisões. No entanto, esse ferramental é escasso para investidores de VC.
Falar que uma empresa foi avaliada a 30x receita não diz muito. É pouco? Muito? E se 30x para algumas fosse barato e 10x para outras caro?
São questionamentos que nos fazemos todos os dias.