Entrar cedo no mercado de Venture Capital não é uma escolha tradicional.
O processo de recrutamento não é parecido com o que ocorre em outros mercados: Não há uma cadência de contratação nos principais fundos e é raro o Job Posting. Muitas vezes as vagas não estão abertas e, na verdade, em vários casos elas são criadas para acomodar talentos. E quando há vagas abertas, dificilmente há um processo seletivo extenso e amplamente divulgado.
O processo de evolução dentro de um fundo de VC também não é usual. Se olharmos a estruturas de fundos de Private Equity dentro do Brasil, existe uma jornada relativamente clara na qual, após ingressar como estagiário/analista, há a possibilidade de crescimento até a partnership. Já no mercado de VC Brasileiro, por ser menos maduro e com um menor AuM (asset under management) em comparação aos benchmarks internacionais, em muitos casos não há visibilidade tão clara para quem começa a carreira tão cedo no setor. Vale ressaltar que estamos em um ponto de inflexão no mercado brasileiro de Venture Capital: nos últimos anos os fundos aumentaram exponencialmente o volume de capital sob gestão, o que causará a busca (e retenção) maior por talentos em todos os graus de senioridade.
Bom, se você, assim como eu, se preocupa menos com rotas de carreira traçadas e tem o desejo de trabalhar com diferentes tipos de inovações, estar próximo dos heróis do século XXI e tem um curiosidade natural sobre a evolução humana, talvez Venture Capital seja um bom caminho.
O que a história nos mostra é que em Venture Capital você cria o seu próprio caminho e suas próprias oportunidades. Há gestores fantásticos com formações muito diferentes: Michael Moritz, General Partner do Sequoia, é jornalista de formação e atuou no segmento por alguns anos antes de ir trabalhar com investimentos em empresas de tecnologia; Bill Gurley, GP do Benchmark, era research analyst de Wall Street antes de ingressar em Venture Capital; Marc Andressen foi empreendedor, criou um dos primeiro unicórnios da história e é co-founder da A16z; Mary Meeker, ex partner da Kleiner Perkins e atualmente founder da Bond Capital, detinha um carreira no Morgan Stanley até se tornar uma das mulheres mais respeitadas do Venture Capital.
Dentro da Astella já é possível visualizar a diversidade de backgrounds dos sócios:
- Edson Rigonatti foi VP da Lucent (carreira corporativa) e fundou a Cicerone, uma boutique de M&A focada em telecom até iniciar sua jornada em VC com a Astella;
-Laura Constantini cursou administração na GV e escolheu o caminho do mercado financeiro que acabou levando a carreira dela para área de research no Banco Santander no Brasil e em NY, depois no Garantia até ingressar na Cicerone, na qual trabalhou com o Edson no M&A das principais empresas de telecomunicações do país;
- Marcelo Sato é um empreendedor por vocação que nunca trabalhou no regime CLT: Fundou a Ciatech, plataforma de educação online, na qual participou como CTO e CFO. A empresa fez parte do portfólio da Astella e foi vendida para a Uol Educação, organização na qual o Sato ficou até 2017;
- Daniel Chalfon trabalhou por 25 anos no mercado de publicidade e mídia. Participou da fusão com a Loducca e como sócio da agência ajudou a posiciona-la como uma das 5 mais inovadoras do mundo. Após vender sua participação na agência, converteu-se ao Venture Capital.
Todos os exemplos são para ratificar uma mensagem: Em Venture Capital, você cria o seu caminho.
Venture Capital: Motivações e o dia dia
O futuro (do latim: futurus) é o intervalo de tempo que se inicia após o presente e não tem um fim definido. Referente a algo que irá acontecer, o futuro é o estado utilizado na mecânica clássica para dizer algo que está por vir.
Venture Capitalists investem seu tempo para compreender o futuro de uma empresa, do seu mercado e da cadeia de valor do seu setor. A sensação que nos permite sonhar com a constante transformação e nos antecipar as revoluções da sociedade é a força motriz para quem persegue uma carreira tão incerta como VC. É a curiosidade. É o sentimento de que há um mundo de coisas a se construir e querer participar (e se beneficiar) da criação desse novo mundo.
Se você sente algo como o descrito acima, Venture Capital pode fazer sentido para você.
Como um Junior Venture Capitalist, há três tarefas principais:
- Tarefas de Investimento
Nesse bloco de atividades, estão todas as atividades relacionadas ao funil de relacionamento com empresas no pipeline. Logo, incluem desde as reuniões de originação com startups, encontros de aprofundamento com as empresas, análises sobre empresas, análise setoriais, reuniões de deep dive para decisão de investimento, estudos de métricas e finanças das empresas, elaboração de investment memos.
- Suporte de Portfólio
Uma tarefa no dia dia dos Venture Capitalists é o suporte ao portfólio. Isso inclui acompanhamento das métricas das startups de acordo com as suas particularidades, participação nos projetos de value creation do fundo de VC, elaboração de apresentações para rotinas de revisão de portfólio, acompanhamento de reuniões de conselho de empresas em estágio early, além de uma série de atividades de suporte ao sócio que é responsável pelo relacionamento com cada empresa do portfólio.
- Governança / Institucionais
Há uma série de tarefas institucionais necessárias para um fundo de Venture Capital, dado que são obrigados a se adequarem a legislação do país em que ele foi constituído. No Brasil, a maior parte dos fundos se enquadram como FIP (Fundo de Investimento em Participações), logo, estão sob a batuta da CVM/Âmbima. Isso exige atividades de compliance que demandam o esforço da equipe para entregar aos órgãos de controle todas as informações sobre a gestora, os fundos e suas investidas.
Além disso, faz parte da rotina a elaboração de reports para os investidores do fundo, a confecção de Term Sheets, contratos de investimento e desinvestimento, acompanhamento das auditorias e due-dilligences, etc.
Como prospectar uma Vaga
Como mencionado anteriormente, não é usual processo seletivos como ocorrem em outros mercados. Por isso, tendo a acreditar que uma postura proativa para buscar oportunidades faz mais sentido para maximizar as suas possibilidades de entrar no mercado.
Mark Suster (Upfront Ventures) relata em um post que para conseguir um trabalho em VC, é preciso uma combinação de timing, sorte e relacionamento. Ao conhecer algum membro de um dos fundos, você passa a ter uma maior influencia sobre a variável timing e relacionamento. A sorte sempre fará parte do jogo e será impossível de controlá-la.
Para a prospecção ativa, Linkedin pode ser um ótimo começo: envie mensagens para integrantes de fundos que você admira, tente agendar conversas e peça conselhos.
Se você estiver na faculdade ou no MBA, participar de um programa de summer job pode ser ótimo gatilho para você se ambientar nesse mercado.
Outra forma interessante é fazendo um curso sobre Venture Capital. Nele, é muito provável que você tenha exposição a General Partners de fundos de VC. Fiz um curso no Insper sobre Venture Capital e Private Equity e além de expandir meus conhecimentos, pude também estender o meu networking.
Biblioteca de Conteúdos
A forma de potencializar a sua entrada no mercado de VC é entendendo sobre esse mundo e obtendo profundidade nos conhecimentos. Se você está ciente sobre as estruturas desse mercado, sobre as métricas utilizadas para analisar empresas, sobre a história do VC, você está um passo a frente. Pensando nisso, criei uma biblioteca de conteúdos (link abaixo), no qual inclui uma série de artigos, livros, podcasts, vídeos para auxilia-los nesse jornada de descoberta:
Leituras para interessados em VC
Olá, se você chegou até aqui, então está realmente interessado em Venture Capital 😅. Abaixo, segue uma lista de…
-> Leitura para interessados
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Espero que o artigo auxilie de alguma forma a sua jornada. Sugestões de tópicos para que eu produza outros artigos sobre o mercado de Venture Capital para os “Junior VCs” são muito bem vindos.
Caso deseje se aprofundar ou tirar dúvidas, manda um email para lucas@astellainvest.com e marcamos um papo. Vai ser um prazer conhecer a sua história e ajudá-lo (a) de alguma forma nessa jornada.