Vikings e Atomic Network?

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Após vingar o massacre do Dia de St. Brice, o Rei Canute e o Rei Olaf Haraldsson, juntos com o príncipe Harald Sigurdsson, discutiam o plano para unificar o Grande Império do Norte, que seguiria da Inglaterra até a Finlândia.

Olaf: Devemos aproveitar o momento e partir para guerra com todos, para unificar de uma vez nosso sonhado império.

Canute: Não faz sentido esse approach diluído das nossas forças. Temos que pensar em algo sequencial, para aumentarmos nossas chances de sucesso. O crescimento exponencial deriva do foco em algo muito bem feito, não da diluição entre inúmeras frentes.

Harald: Concordo com Canute. E tenho uma ideia: vamos usar a metodologia de rede atômica, conforme mencionado no texto do estudioso Guilherm Limasson, pela dimensão da religião. 

Olaf: Do que você está falando? Como assim pela dimensão da religião?

Harald: 2 pontos:

1. O negócio de religião é muito rentável. O produto vendido é a fé da entrada no paraíso, cujo pagamento é recebido antes pelo meio do dízimo, e o produto final só é entregue após a morte do cliente. Não tem nenhum registro de reclamação do Reclame Ikea, e além disso tem isenção de impostos;
2. Acabamos de conquistar a Inglaterra, que segue o cristianismo quase em sua totalidade. Ainda estamos no processo de expansão da nossa religião cristã nos países nórdicos, mas podemos usar isso como uma ferramenta para a unificação ser mais eficiente em termos de custos monetários e de pessoas.

Canute: Interessante. Por favor, prossiga.

Harald: Segundo a metodologia, em linha também com o conceito de flywheel, temos que pensar em 3 variáveis principais. 

‍Aquisição: a característica mais difícil dos marketplaces é o fato de ter que ter máquinas de aquisição para mais de um lado. Todos falam do desafio de ter que desenvolver ambos desde o início, e focar onde está o maior gargalo: oferta (quem quer fazer dinheiro) ou demanda (quem quer gastar dinheiro). A decisão de onde focar depende do contexto da solução. Na nossa hipótese, temos os padres como sellers, cujo produto é a fé derivada do conteúdo gratuito e disponível. Além disso, temos um fornecedor de padres disposto a contribuir com a causa e mandar essa parte da equação de graça: a Igreja. Então vamos começar com os sellers,por ser o mais fácil e barato para provar uma rede atômica, e focar os esforços na demanda. Eles vão vender fé para os fiéis, e segundo estudos do papado europeu, tem a capacidade de tocar uma paróquia com até 1000 frequentadores mensais, dos quais temos estimativas de 10% serem super users. Como a igreja deve apoiar essa iniciativa, podemos usar nossos contatos para conseguir alguns de graça.

Um ponto importante aqui: é recomendado testarmos essa estratégia em uma hipótese bem restrita, mas que possa ser representativa do que buscamos fazer em uma grande escala. Nesse caso, sugiro começar com a cidade mercantil de Kattegat, onde as muralhas são intransponíveis, e tem a liberdade de religião para seus moradores.

Kattegat tem aproximadamente 10 mil moradores, divididos em 10 bairros de mil habitantes cada. Vamos começar com um bairro, uma igreja, um padre, para conseguir atingir 500 potenciais convertidos da igreja. A partir dali, dentro de esperados 8  a 10 meses, devemos atingir o ponto de inflexão da curva de crescimento, quando devemos ter indícios do sucesso da aquisição desse bairro, já podendo começar o próximo. Eu espero esse resultado agressivo, explicado pela lei de Reed, por causa do engajamento dos moradores do bairro com o padre durante o período. Logo, podemos conquistar metade da população da cidade em torno de 13 meses.

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‍Engajamento: precisamos monitorar as métricas de engajamento dos buyers com o nosso seller nessa primeira hipótese. Acredito que além da frequência semanal de idas às missas, devemos monitorar o número de trocas de mensagens dos moradores no chat da igreja, o WhatsappssonForBusinesson. Se os fiéis estiverem aumentando o número de trocas de mensagens entre eles durante essas semanas de expansão, teremos indícios de que o efeito de rede está acontecendo: cada novo convertido, adiciona força a religião pelo conhecimento compartilhado por mais pessoas (densidade da rede), além do componente de viralidade (vão falar dos benefícios da religião para converter outros moradores, adicionando aos esforços do padre).

‍Monetização: essa é mais fácil, neste caso. O dízimo estabelecido é de 10% da renda mensal de cada usuário. Então o payback da igreja seria:

• Capex: 500 moedas de prata para construir a igreja em 1 mês;
• Opex: 0,15 moedas de prata mensais para o padre e seu staff;
• Receita: 0,05 moedas de prata mensais de cada convertido.

O payback estimado seria em 12 meses. Com o dinheiro extra a partir dali, já podemos ir investindo na aquisição das próximas redes, sempre buscando maior eficiência.

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Ao termos por volta de 50% da religião de cada grande cidade dos países nórdicos, podemos primeiro buscar anexar por meio da aceitação da fé majoritária, antes de ameaçar o ataque físico direto. Pode até demorar um pouco mais a execução, mas considerando a eficiência do crescimento e o benefício de menos perdas de vidas, acredito ser o melhor caminho para perseguirmos nosso sonho do Grande Império do Norte!

Olaf: Não! Prefiro a guerra! Somos Vikings, afinal de contas!

Canute: Olaf, querido Olaf. Por essas e por outras que coloquei veneno no seu vinho: com a sua morte, seu meio-irmão, e muito mais competente homem de negócios, será o primeiro em comando dos países nórdicos…

Olaf: nãoooooooooooooo. Uh ah ohhhhhhhh. Estou morrendooooo… (Olaf morre).

Harald: Obrigado, Rei canute. Você não vai se decepcionar com a nossa nova estratégia!

Ambos em uníssono: SKOL!

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Pensei na paródia acima depois de terminar a nova série da Netflix, Vikings Valhalla (muito boa, por sinal). Então, com todo respeito a todas as religiões, o intuito aqui é somente exemplificar o raciocínio do atomic network, conceito que temos debatido muito em linha com o aprofundamento do modelo de negócios de marketplace. Seguiremos com outros artigos relacionados nos próximos meses.

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