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Prática deliberada: como os empreendedores podem treinar?

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Prática deliberada: como os empreendedores podem treinar?
Prática deliberada: como os empreendedores podem treinar?

Por Edson Rigonatti e Ana Rezende

Munidos de energia suficiente (e esperamos da energia certa!), nossos eternos aprendizes passam a se forjar para serem a melhor versão do que podem ser, e assim fazerem o máximo de sua jornada.

Para alguns, a jornada é iniciar a carreira empreendendo. Para outros que já empreendem, a jornada é escalar mais rápido. Existem profissionais bem sucedidos no mundo corporativo que desejam empreender. Tem aqueles que trabalham em scaleups e acham que está na hora de lançarem suas próprias jornadas. E há aqueles empreendedores experientes, que já quebraram a cara ou que já venderam a empresa, e anseiam por uma segunda ou terceira jornada.

Qualquer pessoa pode vir a ser um super founder, basta treinar e saber que o resultado dessa jornada só vem no longuíssimo prazo, e que tudo é uma mistura de talento e sorte. O talento é obtido através do aprendizado e da prática deliberada, a sorte aprendemos a gerenciá-la com estratégia.

Nossa experiência nos mostra que, em algum momento, quase todos os founders encontrarão um desafio que exigirá habilidades ou experiência que não possuem. Existem alguns cenários comuns: founder produteiro que desenvolveu um protótipo bem sucedido e que agora precisa transformar uma área de P&D em uma empresa de produtos geradora de receita. Um líder carismático, energizado pelo desenvolvimento e pela apresentação de uma visão vencedora para o negócio, deve agora concentrar-se nas tarefas rotineiras e nos detalhes necessários para dimensionar e sustentar o negócio. CEOs que veem a estagnação do crescimento da empresa precisam pensar além do gerenciamento de responsabilidades para desenvolver pessoas e manter a equipe em sincronia.

Aumenta a probabilidade de crescimento de uma empresa quando o founder percebe que possui gaps faz parte de uma jornada contínua de desenvolvimento. Os empreendedores que percebem oportunidades de melhoria como lacunas que, às vezes aparecem e devem ser preenchidas, tendem a apresentar maior inércia, ou seja, menor velocidade de reação a desafios. Assumimos a perspectiva de que existência de gaps é inclusive um ótimo indicador a ser alcançado durante o trajeto. É uma informação de que a empresa cresceu (graças às habilidades do founder do presente) mas que precisa que esse mesmo founder adquira novas competências para construir o futuro. 

Não vamos reinventar a roda. Há muita coisa boa já escrita sobre prática deliberada. Na nossa opinião o melhor playbook é do Shane Parrish: The Ultimate Deliberate Practice Guide. Partindo do princípio que você vai ler esse playbook genérico de prática deliberada, como podemos customizá-lo para o mundo das startups e para os diferentes estágios de maturidade de uma jornada empreendedora? 

Se desejamos refinar nossas habilidades em alguma atividade, precisamos primeiro saber o que temos que aprender e o que pode nos ajudar a chegar lá.

Existem dezenas de formas de aprendizagem. Ter clareza de qual é o modelo que funciona melhor, no sentido de absorção do conteúdo e prazer ao longo do processo, é uma peça chave para a sustentabilidade da motivação.

John Dewey´s desenhou uma teoria de aprendizagem que considera que: 

70% dos aprendizados são adquiridos a partir da experiência concreta (vivências pessoais práticas) e  da experimentação ativa (aplicação de novas estratégias para testar o funcionamento). O restante é adquirido a partir da observação reflexiva (análise das experiências anteriores) e conceitualização abstrata (planejamento de novas estratégias). 

Há uma relação de complementaridade entre o processo de experiência real e a educação. Portanto, quando estamos em busca de aquisição de conhecimentos robustos, provavelmente, precisaremos combinar estratégias de aprendizado que considerem mais de um dos formatos abordados acima.

Partimos do princípio que um super founder precisa dominar 6 áreas de conhecimento:
Produto,
Marketing & vendas,
Customer success,
Gestão de talentos,
Governança,
Fundraising.


Como apontamos no Arquétipo do Crescimento, essas áreas de conhecimento vão se aprofundando conforme o estágio de maturidade de uma startup e mudam também de acordo com o modelo de negócio adotado (por exemplo: SaaS, Marketplace, Consumo Digital). O conhecimento desses fundamentos estão largamente difundidos online. Não faltam livros, blogs, vlogs, podcasts sobre esses temas. Existem também inúmeras ferramentas SaaS que podem ser usadas e/ou estudadas. Acreditamos que SaaS é uma das principais ferramentas de disseminação de conhecimento e prática disponíveis hoje no mundo.  

Para evoluirmos nesses fundamentos, além de estudá-los teoricamente é preciso vivê-los na prática. Acreditamos que dar mentorias a outros founders é uma das atividades que mais nos ajudam a sermos melhores founders. Isso porque vamos percebendo padrões nas mentorias que nos ajudam no dia-a-dia e assim vamos descobrindo mais rápido o que temos que aprender e assim ensinar. Quando nos preparamos para ensinar, multiplicamos por 1000x nossa capacidade de aprender com a prática. Mentoria é o futsal do empreendedorismo.

Se ainda não temos experiência para mentorar, a melhor coisa que podemos fazer é estabelecer um ambiente mais seguro possível para aplicar os conceitos e orientações que vão sendo adquiridas. Não se pode aprender a dar feedback sem ser dando e recebendo feedback. O mesmo acontece com temas mais técnicos. A aplicação dos conceitos mais básicos vai trazendo, organicamente, as dúvidas e a necessidade de se dar o passo subsequente. É o famoso: “fiz isso, e agora?” também conhecido como “baby steps”.

Quando estamos com sede tomamos água em um copo e não em um hidrante, certo? Pois então, essa é a mesma regra para o processo de aprendizagem. É mais produtivo ler profundamente sobre a etapa 1 da construção da máquina de vendas, planejar, colocar em prática, errar, aprender.  Enquanto vai vendo os resultados “ao vivo e a cores” da estruturação do passo 1, vá planejando e entendendo o passo 2 e assim subsequentemente. Investir, por exemplo, 2 meses apenas lendo 3, 4 livros a respeito de toda a estruturação da máquina tende a ser menos eficiente.

Conforme os testes forem positivando, as etapas forem sendo vencidas, é hora de aumentar o alcance do aprendizado compartilhando com toda a organização, ajustando os processos anteriores, treinando o time, acompanhando aplicação do aprendizado e mensurando possíveis melhorias que devem ser feitas em função do aumento do escopo.

A presença de uma pessoa mentora contribui muito na definição de sequência das etapas, assim como, conhecer histórias de fundadores que já passaram pela fase em que sua startup está, certamente, trará atalhos. A experiência prática de mentores e pares de mercado pode escalar o seu desenvolvimento. Mas…. esse é um papo para o próximo capítulo.

Ana Rezende e Edson Rigonatti

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Ana Rezende e Edson Rigonatti

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