Como lançamento do Playbook, a Astella organizou um evento no dia 4/5/2022 com 3 empreendedores: Daniel Wjuniski da Sallve (e meu ex-sócio no Grupo Minha Vida e tech.fit), Marcelo Lombardo da Omie e Pedro Carvalho da Cayena; e apresentado pelo mestre Edson Rigonatti. (A gravação do evento já está disponível aqui)
Para quem leu os conteúdos do Playbook e assistiu o evento, uma coisa me chamou a atenção… um detalhe que os conteúdos em texto não destacam tanto (teoria), mas os empreendimentos reforçaram muito (prática)… O FOCO!
OK! Todo mundo fala de Foco o tempo todo. O que esse tal foco tem relação com PMF?
Em diversos momentos a relação de PMF e foco caminham juntas. O maior desafio de buscar PMF é conseguir estabelecer esse foco. Parece simples, sempre parece.
Focar no canal, focar na fonte de leads, focar na persona, focar no produto…
Lá vem a fórmula de novo na nossa cabeça 1:1:1:1. Para quem não conhece, esse texto do Edson Rigonatti fala sobre o arquétipo da célula tronco, recomendo a leitura: Diário de um VC: rumo à conquista do universo.
Eu tenho na minha vida um track record relevante de produtos que não vingaram… aliás, é muito maior do que os que deram certo :)
Ouvindo um pouco dessa relação de PMF e Foco eu comecei a recordar um comportamento em comum em todos esses produtos que em algum momento desistimos… na jornada de construção do produto e das tentativas para fazer o produto acontecer, perdemos o foco!
O que significa perder o foco na busca por PMF?
Na minha reflexão, quando começamos o ciclo de um produto, muitas vezes temos uma expectativa que rapidamente encontraremos tração… ninguém aposta em um produto que não acredita (eu acho)! E colocamos toda nossa energia em construir algo que acreditamos, mas na “hora h” algumas coisas não funcionam… a conversão não é a que esperava, o engajamento não deu certo, a ideia não era genial, o churn é alto, etc.
Ao longo dos esforços para buscar resolver esses problemas, esquecemos a “fórmula do foco” e partimos para resolver problemas como: erramos no canal… erramos na persona… erramos no produto, etc… o tal 1:1:1:1 vira 2:1:1:1, 2:2:1:1… 5:3:2:1… *:*:*:*. Resumindo: saímos atirando para todos os lados.
No final da história, a conclusão é que o processo de ter um foco, ser fiel à fórmula 1:1:1:1 precisa ser associado a mais um detalhe… o quanto você já estressou de fato o canal de vendas, a fonte de leads, a persona e o produto. O quanto você já é nota 9 ou 10 nessas 4 variáveis.
Geralmente por falta de dinheiro, ansiedade, falta de maturidade, desespero, etc, partimos para outro caminho antes de atingir uma maturidade nessas variáveis e mudamos a rota e perdemos o foco antes de atingir uma boa solução ou estratégia.
É claro que a percepção inicial esteja errada e mudar o caminho é super importante… mas me parece que você precisa oficialmente desistir de um caminho e partir para o outro… ser fiel ao 1:1:1:1.
Hoje refletindo, muitos produtos que desistimos ou desligamos, tivemos pouca paciência e resiliência para em cima da tese inicial que construímos… ou seja, não fizemos nada nota 10… fizemos dezenas ou centenas de tentativas nota 4 ou 5.
É aí que entra o foco… foco em fazer algo bem feito, na verdade, muito bem feito… pq encontrar o PMF é MUITO DIFÍCIL. Parece fácil! No linkedin parece que todo mundo tem :) mas mesmo quem tem, ralou muito para chegar lá e é perecível.
Caso Numee
Refletindo sobre esse tema, lembrei de um produto muito emblemático que construímos aqui… criamos um app de exercícios em casa super sofisticado. Muita tecnologia por trás, UX inacreditável e um conceito matador… bom, isso era até lançar de fato o produto.
1 canal
1 fonte de leads
1 produto
1 persona
Na prática: CAC na lua, conversão baixa, engajamento baixo… mas aí entrou o lado “rambo” nosso e que me orgulhava até algum momento da minha vida… à partir disso atiramos para todos os lados… em 4 ou 5 meses fizemos de tudo! Testamos mais canais, outras fontes de leads, mudamos o produto de ponta-cabeça, mudamos a marca, mudamos a persona, testamos outros países, B2B, RH, etc… e no final, em algum momento desistimos do produto. Tudo isso em apenas 5 meses. No final a sensação era: Tentamos de tudo, não deu certo! Tudo bem! E hoje a reflexão é… fizemos de tudo, nota 4 e não dedicamos esses 5 meses à nossa tese e fizemos à exaustão. O cenário de urgência traz a necessidade do retorno imediato que fazia a gente correr pro próximo passo logo, mas o próximo nosso deveria ser dentro do 1:1:1:1. Aqui o aprendizado forte é… o dinheiro tem que estar garantido para alguns ciclos para não tomar caminhos de “desespero”.
Enfim, essa é uma reflexão que começou no espelho e compartilho aqui um pouco da minha percepção. Não posso cravar nenhuma verdade aqui, até porque preciso agora provar essa tese :)
Foco!