Saving Private Ryan — Last Scene
No última cena de O Resgate do Soldado Ryan, James Ryan, já idoso, visita o Normandy American Cemetery and Memorial com sua família, e ao pé da sepultura do Capitão John Smith, que havia comandado a operação para resgatá-lo, pergunta a sua esposa se a sua vida teria sido digna do sacrifício de todos que lutaram por ele.
Todos nós queremos chegar no fim dos nossos dias, olhar para trás e sentir que tudo valeu a pena. Mas no final das contas, é impossível ter uma vida digna a menos que seja uma vida repleta de significado. E é muito difícil ter uma vida significativa sem que nosso trabalho tenha um grande propósito. Todos queremos dinheiro, todos buscamos reconhecimento, mas o que realmente perseguimos é aquele algo a mais. E quando atendemos ao nosso chamado, à nossa razão de ser, a fonte da nossa motivação é inesgotável.
No livro Business as a Calling, Michael Novak aponta quatro elementos que caracterizam um “chamado divino” no trabalho:
- Cada chamado é único para cada pessoa. Podemos estar todos perseguindo a mesma missão, mas o que move cada um de nós é diferente;
- Um chamado requer muito mais do que desejo. É preciso ter talento. É preciso amar o fardo das coisas chatas, mas imprescindíveis;
- O verdadeiro chamado nos enche de prazer e energia, mesmo nos momentos mais difíceis e fatigantes;
- O chamado não é algo fácil de ser descoberto. Pesquisas apontam que aproximadamente 20% dos adultos nunca experimentaram a sensação de “fluxo” advinda de um chamado, enquanto 20% experienciam essa sensação todos os dias. Os demais 60% dizem sentir essa sensação entre uma vez por semana a uma vez a cada par de meses.
Embora não exista uma maneira sistemática de ajudar os talentos a encontrarem o seu chamado no trabalho, os estudos neurológicos apontam para três tipos de pontapé inicial: um gatilho motivador (geralmente uma situação envolvendo uma pessoa idolatrada), a necessidade do trabalho (após muito tempo de prática acabamos nos apaixonando pelo o que fazemos) e quando o trabalho é uma fonte de prazer ou desafio (similar a situações esportivas ou militares).
Esse é justamente o motivo pelo qual muitos líderes buscam transformar o ambiente de trabalho comparando seus talentos a atletas ou soldados, que devem se dedicar a alcançar o limite de suas capacidades, que só é atingido quando lutamos contra algo ou alguém.
Comparar o trabalho a um esporte ou uma campanha militar também é útil para ensinar as pessoas a lidar com o fracasso, já que na média, 50% de todos os jogos ou batalhas são derrotas. Todos jogadores e soldados estão conscientes disso, e mesmo assim, continuam lutando até o fim.
E não é a toa que líderes acabam adotando posturas de técnicos ou generais, já que esses papéis representam líderes que geralmente não tomam para si o sucesso de sua equipe, que tem a confiança total dos seus soldados e que são duros com seus talentos porque buscam tirar o máximo da capacidade de cada um.
Idéias para achar o Chamado Divino
- Umas das maneiras mais efetivas de simular o ambiente esportivo ou militar é estabelecer metas como em um campeonato ou guerra. Os OKRs (será que já te convencemos?) podem ser uma ferramenta ímpar;
- Maslow acreditava que os talentos poderiam atingir o estágio de motivação inesgotável se eles se enxergassem como heróis participando de uma jornada. Porque não empacotar o seu plano anual em uma jornada esportiva ou militar? A LojasKD trabalhou o ano de 2014 como se toda a equipe estivesse participando de uma maratona;
- Em Inspirational Leadership, Lance Secretan sugere que inspiremos nossos talentos como Cristo, Buda, Gandhi e tantos outros. Que figuras poderiam inspirar seus talentos? Steve Jobs? Beto Sicupira?
- Que tal distribuir para os seus talentos livros como O Homem em Busca de um Sentido?
Ideologia, eu quero uma para viver!