Nome de empresa, marca ou produto é sempre assunto complicado.
Meu ex-sócio Celso Loducca, costuma dizer que nome não importa.
Porque se importasse, o produto mais vendido no planeta, que milhares de pais e mães compram diariamente para seus filhos, não teria o seu nome feito da associação entre a folha de Coca e nozes de Kola.
Traduzindo Jedi Master Celso: Nome é um negócio que a gente aprende a associar com alguma coisa, e cria familiaridade com ele.
E familiaridade pode ser construída por frequência ou semelhança.
Frequência
É o total de vezes a que somos expostos a pontos de contato com uma marca num determinado espaço de tempo.
Eles podem acontecer de diversas maneiras: na publicidade, na compra em si, numa menção em uma conversa entre amigos, no post de alguém e por aí vai. Qualquer exposição vale (positiva de preferência :-)), mas quanto mais profunda a relação desse contato maior será a lembrança e a consideração.
Também vale mencionar que uma alta frequência de exposição também gera esse efeito, mas pode ser fogo-amigo. Tema para um post futuro.
Semelhança
É o processo pelo qual temos familiaridade com algo, porque de alguma maneira esse assunto nos remete com coisa parecida.
Músicos usam esse artificio o tempo todo (eu também).
Os 4 acordes de Let it Be dos Beatles (Do / Sol / Lá menor / Fá) são a progressão mais utilizada na história do pop rock ocidental.
Quer impressionar? Aprenda esses 4 acordes e você toca mais de 400 músicas: Paparazzi da Lady Gaga, Take on Me do A-ha, Otherside dos Chili Peppers, Bullet with Butterfly Wings do Smashing Pumpkins, Wherever You Will Go do The Calling, todas usam a mesma progressão.
Start-ups que seguem determinado padrão de nomenclatura, buscam esse mesmo efeito de familiaridade: e-algumacoisa, iQualquertroço, 99milhoesdeapps, mrca.com.br, nomefy…
Pode parecer exagerado, mas a verdade que é a enorme quantidade de informação a que somos expostos hoje em dia acaba diluindo o poder de construção da marca e nossa capacidade de memorização.
Ao mesmo tempo, todo mundo quer colocar um nome bacana para seu negócio, marca, banda, filho, cachorro ou qualquer outra coisa.
Um bom nome é memorável, deixa uma boa impressão e de quebra diz algo sobre o sujeito.
Só que isso é aprendido. Via familiaridade ou exposição.
Sim, existem profissionais e empresas especializados no tema. Mas o processo mais comum é o informal, com empreendedores chegando em algum consenso.
E o que fazer na hora de escolher um nome de empresa?
A verdade é que não há receita de bolo, mas é bom não esquecer de pontos básicos:
1) Contexto
É sempre mais fácil associar algo que está inserido em um contexto. Fica mais simples quando o propósito, benefícios e objetivos da marca estão bem definidos.
2) Simplicidade
Evite termos complicados e pronúncia dúbia. Leve em consideração como um universo amplo de pessoas vai entender o nome, e não apenas você e seus amigos.
3) Pesquise
A pior coisa é descobrir que já existe alguém com o mesmo nome que você escolheu. A pesquisa deve vir logo no início do processo.
Lembre também questões relativas a SEO. Veja o case da banda escocesa Chvrches.
4) Linguística
Nem toda marca quer se internacionalizar, mas é bom evitar nomes com associações bizarras em idiomas como inglês e espanhol.
Lembra aquele carro da Kia, a Besta? O nome original no mercado internacional era Best A…
5) A questão legal
Não vai adiantar nada ter o registro do domínio e as páginas em redes sociais, se a marca já estiver registrada no INPI por alguém para o mesmo setor de atividades.
Quer saber mais?
Sobre familiaridade
Hit Makers: The Science of Popularity in an Age of Distraction, Derek Thompson.
Sobre simplicidade em um mundo cheio de distrações
The Laws of Simplicity, John Maeda.
Sobre atenção na era digital
The Shallows: What the Internet is Doing to our Brains, Nicholas Carr.
obrigado por ler.
:-)
Daniel