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Carta do Gestor: Como Uma Onda no Mar

Nossa jornada como financiadores do futuro é pautada pela busca constante do equilíbrio entre o "espírito do tempo" e "o espírito da profundeza", entre as cores do momento que vivemos e os princípios duradouros da vida. Os princípios servem como estrelas guia, como norteadores que indicam como as coisas deveriam acontecer, enquanto vamos saboreando as tendências do momento. É a soma desses dois espíritos que cria o futuro.
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Carta do Gestor: Como Uma Onda no Mar
Carta do Gestor: Como Uma Onda no Mar

“Uma história se resume a grandes princípios, não regras. Uma regra diz: “é assim que você tem que fazer”. Já um princípio diz: “isso funciona, e tem funcionado por toda eternidade”. Uma história diz respeito a formatos universais e eternos, e não a fórmulas. Uma história é construída com arquétipos e não com estereótipos. A história arquétipa desenterra uma experiência humana universal, que se expressa de uma maneira única e apropriada ao seu contexto.” - Robert Mckee

Nossa jornada como financiadores do futuro é pautada pela busca constante do equilíbrio entre o "espírito do tempo" e "o espírito da profundeza", entre as cores do momento que vivemos e os princípios duradouros da vida. 

Os princípios servem como estrelas guia, como norteadores que indicam como as coisas deveriam acontecer, enquanto vamos saboreando as tendências do momento. É a soma desses dois espíritos que cria o futuro. 

No papel de investidor, esses princípios são o entendimento dos ciclos tecnológicos, dos ciclos macroeconômicos e das medianas históricas dos fundamentos do Venture Capital. É com base nesses arquétipos que buscamos gerar o maior retorno possível para nossos investidores, ao mesmo tempo que buscamos ajudar o maior número possível de empreendedores a construírem o futuro. 

Foi através dessas lentes, que chamamos de Base Rate Approach, que retornamos mais de R$230 milhões para nossos cotistas em 2021 e mais de R$70 milhões em 2022, enquanto realizamos mais de 25 novos investimentos nos futuros líderes tecnológicos brasileiros nos últimos 2 anos. Esse é o resultado do nosso foco em DPI e não apenas TVPI (entenda as métricas de performance de fundos de VC). Garantimos assim, métricas de performance comparáveis ao top-quartile dos Estados Unidos, país líder na maturidade do ecossistema. 

No contexto da exuberância desse ciclo, aproveitamos para vender o maior número possível de empresas e participações dos nossos portfólios. A venda da RD Station para a Totvs, QultureRocks para UOL Educação, Kenoby para a Gupy, Dr. Jones para O Boticário, por exemplo, são alguns cases de como surfamos as ondas deste período. Neste mar agitado, priorizamos a cautela e a disciplina com o capital, nos mantendo firmes aos principais pilares da nossa tese de investimento: 

  • Investir o mais cedo possível na jornada de grandes empreendedores (majoritariamente pre-seed e seed);
  • Alocar 50% dos fundos nos primeiros dois anos e 50% em follow-ons nos anos subsequentes;
  • Diversificar por modelo de negócios (SaaS, Marketplaces, Consumo digital); e
  • Apostar na construção de canais de distribuição proprietários.

Parafraseando Buffet, não foi fácil ser medroso quando todos estavam gananciosos, e não vai ser fácil ser ganancioso quando todos estão medrosos. 

Apesar de muitos afirmarem estarmos entrando em um ano que promete mares mais calmos, sou convicto de que, com o apoio de modelos mentais sólidos, construídos em mais de uma década de investimento no empreendedorismo brasileiro, 2023 indica ser um grande ano para investimento. 

Um dos fatores para a minha convicção é a de que estamos diante de uma safra incrível de empreendedores brasileiros experientes. Me lembro que uma década atrás, quando perguntava para os fundos israelenses qual tinha sido o "tipping point" daquele mercado de Venture Capital, escutava dos meus colegas que quando começou a surgir mais empreendedores de segunda ou terceira viagem, o mercado mudou. É exatamente esse o ponto da oferta de talentos no empreendedorismo brasileiro.

Além disso, sabemos que Venture Capital é descorrelacionado das demais classes de ativos. Bons empreendedores não esperam decretos presidenciais, por exemplo. Eles conseguem detectar grandes oportunidades resolvendo grandes problemas. E o que não nos faltam são grandes problemas. 

O terceiro motivo é o mercado consumidor digital brasileiro. Somos um dos 3 principais mercados no mundo para aplicativos como Uber, WhatsApp, Instagram, TikTok, etc. Temos a penetração de uso e estamos evoluindo na penetração do consumo. Podemos facilmente imaginar um consumo digital 10x maior nos próximos 5 anos e serão as startups que investimos ontem, hoje e amanhã que construirão esse futuro no Brasil. 

Por fim, uma maior racionalidade no mercado de investimentos, com as taxas de graduação de startups entre rodadas, o tempo entre rodadas, o tamanho das rodadas e as expectativas de tração de volta a níveis perto das medianas históricas, nos apontam para um momento fértil de investimentos. O Vitor Pajaro, do nosso time, aprofundou um pouco mais neste tema aqui.

São esses princípios e arquétipos que nos levam a contemplar a melhor safra de Venture Capital da década. Que venha 2023 e que traga boas ondas para todos nós! 

Edson Rigonatti

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Edson Rigonatti

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