Todo empreendedor sabe que Henry Ford foi o inventor do Model T, o pai da montagem em série e o maior growth hacker do século XX, tendo desenhado o sistema de dealerships (as concessionárias).
O que pouca gente sabe é que Ford largou seu emprego na Edison Illuminating Company em 1899, e com a ajuda de um investidor anjo, William H. Murphy, fundou a Detroit Automobile Company, que em menos de dois anos, encerrou as operações por não ter chegado ao product-market-fit.
Não muito contente com a perda do seu investimento, William Murphy convenceu Ford a captar uma nova rodada de investimento com novos investidores e fundar a Henry Ford Company em 1901. Como os novos investidores, Murphy e Ford não se entendiam, Ford deixa a empresa, que é renomeada Cadillac Automobile.
Em 1902, Ford consegue um novo anjo, Alexander Y. Malcomson, que o apresenta aos irmãos Dodge, fundadores da Dodge Brothers Company, que os contrata para fornecer US$160.000 em peças. Como Ford não consegue cumprir o contrato, os irmãos Dodge resolvem pedir a falência da empresa.
Ford e Malcomson convencem então os irmãos Dodge a converterem a dívida em participação em uma nova empresa, a Ford Motor Company. Malcomson resolve então captar mais recursos apenas com pessoas de sua extrema confiança. Livre dos conflitos entre investidores, Ford desenvolve o Model 999, e o resto é história.
Na ânsia por captar investimentos, não percebemos que investidores podem ser extremamente úteis ou excessivamente mortais. Saber gerenciar diferentes tipos de investidores ao longo da jornada, é um talento que todo empreendedor deve desenvolver.
Existem inúmeros conflitos de interesse entre os diversos tipos de investidores (amigos, anjos, aceleradoras, early-stage VCs, late-stage Vcs), entre eles:
- Diferentes opiniões sobre estratégia e prioridades;
- Diferentes expectativas sobre o relacionamento com os empreendedores e a empresa;
- Diferentes visões sobre o momento, montantes e tipos de financiamento;
- Diferentes níveis de paciência em relação ao momento e tipo de liquidez.
Quanto menor a dissonância entre investidores, menos energia temos que gastar em questões fúteis e que em nada acrescentam ao nosso negócio. É uma questão de escolha.
Antes só do que mal acompanhado!