Poucos vão discordar que a segurança pública é um dos maiores problemas do Brasil e da América Latina. Como o setor público não é capaz de conter o crescimento da violência, o mercado de segurança privada é muito grande na região, chegando a R$33 bi em segurança patrimonial (vigilantes) e pelo menos R$10 bi em segurança eletrônica (alarmes e monitoramento).
Mesmo sendo um mercado imenso, poucas empresas de tecnologia se aventuram a inovar no setor, ainda mais oferecendo um serviço completo de segurança e inteligência com foco em segurança pública.
Na Astella gostamos de apoiar visões ousadas de fundadores obcecados em resolver problemas grandes, como a de criar cidades mais inteligentes e seguras. Por isso, lideramos a última rodada de investimento na Gabriel, uma extensão da Série A.
Mercado: fragmentação e baixa digitalização
O mercado de segurança é dominado por empresas que são baseadas em mão de obra intensiva e que utilizam softwares antigos e tecnologias defasadas, que não garantem um real monitoramento 24h.
Acreditamos que o mercado ainda precisa evoluir muito para sair de uma visão de vigilância para uma visão de inteligência.
De acordo com dados da Federação Nacional das Empresas de Segurança Patrimonial e Transporte de Valores (Fenavist), em 2022, existiam 536 mil vigilantes ativos no país. Para ilustrar o tamanho desse mercado, em 2022, o Brasil possuía 772 mil agentes públicos de segurança (Fórum Brasiliero de Segurança Pública/IBGE). Ou seja, para cada agente público de segurança, temos 0,7 seguranças privados.
Como podemos evoluir para que tanto a segurança pública quanto a privada possam ser mais eficientes no seu trabalho?
A empresa fez um estudo que compara o número de agentes de segurança com o número de câmeras a cada 1 mil habitantes. A cidade de Nova Delhi, por exemplo, possui a metade de policiais por habitante do que São Paulo, porém tem 27x o número de câmeras.
Olhando para a rede de câmeras privadas, existe um desafio de tecnologia. Além de serem circuitos fechados não integrados, uma parte grande das câmeras instaladas não estão gravando adequadamente ou estão com falha de conexão, não sendo possível o monitoramento daquela localidade.
Por que a Gabriel?
A empresa possui uma proposta inovadora de operar um parque privado de câmeras voltadas para a rua em um modelo de hardware-enabled services.
São responsáveis por entregar o serviço de ponta a ponta por meio de uma assinatura mensal: desenhar e instalar o hardware, desenvolver e operar o software e fornecer o serviço de inteligência em sua Central 24h, que atende as ocorrências de clientes e interage com as polícias.
Ser um player verticalizado, com hardware e software proprietários, nessa primeira fase ofereceuma qualidade excepcional em termos de serviço, eficiência e uptime, garantindo monitoramento constante.
A empresa iniciou a operação no bairro do Leblon, em 2020, e hoje atende 2 mil condomínios residenciais no Rio de Janeiro e São Paulo, criando uma rede de segurança com um poderoso efeito de rede. É também a única empresa que possui uma conexão direta com o Centro de Comando e Controle da Polícia Militar do RJ.
Até o final de 2023 a empresa já colaborou com 3.362 investigações, ajudando inclusive a provar a inocência de 7 pessoas.
Enxergamos o potencial de levar a rede da Gabriel para centenas de cidades no país, seja em arranjos privados individuais ou coletivos ou arranjos públicos. Além disso, existe um grande potencial em mercados adjacentes como o de gerenciamento de câmeras de segurança internas (CFTV), venda de dados anonimizados sobre circulação de pessoas e veículos, entre outros.
Abaixo, um caso em que Gabriel ajudou a solucionar um crime no Rio de Janeiro.
Por que agora?
Acreditamos que o mercado de segurança está em um timing interessante para mudanças, devido à convergência de fatores tecnológicos e macroeconômicos:
- Sensores: disponibilidade de hardware acessível e especializado para rodar analíticos de visão computacional.
- Conectividade: aumento da cobertura de internet móvel com crescimento da rede 5G.
- Software: maturidade dos modelos de visão computacional aplicados à segurança.
- Digitalização do governo: tendência de aumento no investimento em software e digitalização do setor público, vide a nossa tese de investimento em GovTechs.
Acreditamos muito na visão da empresa de usar tecnologia para realmente criar smart cities além do discurso e na capacidade dos fundadores Erick Coser e Otávio Miranda, que são extremamente preparados e obstinados a resolver os problemas da maneira certa. É uma daquelas teses realmente difíceis e pouco óbvias, mas realmente transformadoras, capazes de criar empresas bilionárias.
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