Na fábula grega, a raposa esnoba o ouriço, por esse saber se defender apenas de uma maneira, enquanto ela dispunha de inúmeros truques para enganar seus predadores; porém quando os caçadores e seus cachorros aparecem, a raposa não consegue decidir qual talento usar, e é pega.
Em From Good to Great, Jim Collins revive a história, concluindo que todo grande líder é como o ouriço: faz apenas uma coisa muito bem, simplificando um mundo complexo em um único e simples conceito, que unifica, organiza e guia todas as decisões.
Para ele, a estratégia do ouriço alinha três perguntas que definem o negócio:
- Em que atividade podemos ser o melhor do mundo?
- Qual o denominador econômico que define a Máquina Registradora?
- Qual a paixão do time?
Mas ser um ouriço, ou fazer apenas uma coisa muito bem feita, parece ser uma heresia para a maioria de nós empreendedores. Afinal, são tantas oportunidades, tantas possibilidades, tantas alternativas, que não faz sentido algum perseguir apenas um tipo de cliente, um tipo de canal de vendas, ou um mercado.
Fazer apenas uma coisa só bem feita — também conhecido como focar — não quer dizer fazer a mesma coisa do dia da fundação da empresa até o dia de fazer o IPO.
Focar, significa sim fazer uma coisa bem feita por vez, iterando de oportunidade em oportunidade, possibilidade em possibilidade. É entender ser melhor correr o risco de focar demais, do que jogar um monte de alternativas na parede e esperar que alguma fique de pé.
Uma excelente maneira de colocar o foco em prática é escolher uma única métrica, a One Metric that Matters ou OMTM do Lean Analytics Book; e para se chegar em uma métrica, é importante levar em conta o tipo de negócio e o estágio de desenvolvimento da empresa.
Um negócio transacional (varejo, e-commerce), é diferente de um negócio de assinatura (revista, SaaS), que é diferente de uma negócio de plataforma (meio de pagamento, marketplace). Assim como uma empresa na fase da descoberta tem objetivos distintos de uma na etapa de validação, os objetivos de uma empresa em busca de eficiência divergem de uma em busca da escala.
Assim como em um óculos, é a combinação destas duas lentes que cria o foco. Foco que vai ajudar a responder às questões mais importantes para o negócio a cada fase, identificando o mais rápido possível o maior risco que ameaça a sua existência. Foco que nos força a traçar uma linha na areia e estabelecer algum tipo de objetivo. Foco que coordena a energia de todo o time na mesma direção.
Qual a sua OMTM, ouriço?